terça-feira, 30 de julho de 2013

Pâncreas Biônico - últimas novidades

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   No ano 2000, o filho de 11 meses do professor doutor de engenharia biomédica Edward R. Damiano foi diagnosticado com diabetes tipo 1. Nesse mesmo ano, o Dr. Damiano decidiu investir toda a sua carreira para encontrar  uma forma segura de controlar a glicemia sanguínea com precisão e o mínimo de intervenção humana. A meta dele era de realizar esse sonho até 2017, ano em que seu filho vai para a faculdade morar sozinho.
   Nos últimos anos esse estudo tem evoluído, sendo testado primeiro em animais e agora em humanos. A primeira etapa do estudo em humanos foi feito no Massachussets General Hospital, na cidade de Boston, nos EUA. Algumas pessoas ficaram 2 dias no hospital para testar esse novo tratamento. Essa parte foi feita dentro do hospital apenas para que os médicos pudessem acompanhar essas pessoas durante as 48 horas. A segunda fase do estudo, chamado de Beacon Hill Bionic Pancreas Study foi feito com 20 diabéticos tipo 1, residentes em Boston. Eles puderem fazer suas rotinas diárias, mas tinham que ficar em um raio de 5 km de distância do hospital. Esses participantes tiveram que dormir em um hotel para que uma enfermeira pudesse acompanhá-los e fazer testes durante a noite. Esse estudo foi conduzido por 5 dias. A terceira fase desse estudo está acontecendo agora, em um acampamento para crianças diabéticas no estado de Massachussets (camp Joslin). 16 meninos e 16 meninas usarão o pâncreas biônico por 6 dias e depois usarão um sistema de monitorização contínuo de glicose por mais 6 dias para comparar o controle glicêmico com e sem o pâncreas biônico. A fase final do estudo será testar o pâncreas biônico em 50 a 60 funcionários do Massachussets General Hospital que são diabéticos tipo 1 por um período mais longo. Por último, junto com as empresas fabricantes de bomba de infusão de insulina, o Dr. Damiano e sua equipe irão desenvolver uma bomba única de infusão de insulina e glucagon. Depois disso, o FDA (órgão americano correspondente a nossa Anvisa) dará a aprovação final para a comercialização do pâncreas biônico. 
O que é um pâncreas biônico?
   O pâncreas biônico consiste em 1 bomba de infusão de insulina, 1 bomba de infusão de glucagon, 1 sistema de monitorização contínuo de glicose e 1 iPhone. O iPhone tem um aplicativo que contem um algorítmo que "toma as decisões" de quando e quanto liberar de insulina ou glucagon. Portanto, o sensor manda dados para o iPhone, o iPhone comanda as bombas. Ele é chamado de circuito fechado (closed loop).
   Qual é a grande vantagem disso? O sensor lê a glicemia de 5 em 5 minutos, e com esse circuito fechado, a glicemia é continuamente ajustada pelas bombas de insulina e de glucagon. Se a glicemia começar a subir, a bomba de insulina libera insulina. Se a glicemia começar a cair, a bomba de glucagon libera glucagon. Isso tudo antes de se realmente chegar em uma hipoglicemia (glicemia baixa) ou hiperglicemia (glicemia alta). Não há mais a necessidade de se fazer contagem de carboidrato. Não há mais a necessidade de se calcular basal temporário quando se faz ginástica ou quando se está doente. Não há mais a necessidade de se medir 8 ou 10 ou até mais vezes a glicemia capilar por dia. O pâncreas biônico fará tudo sozinho.  O risco de se ter uma hipoglicemia, que pode ser fatal, durante o sono?? Isso vai ser história do passado.

Depoimento
Anna Floreen, nos dias de teste com o pâncreas biônico (lembrando que tem tanta coisa grudada nela porque ela estava participando de um estudo clínico e precisou ter mais coisas no corpo além das bombas e do sensor).
   Anna Floreen foi uma das participantes da segunda fase do estudo. Ela relatou que ela viveu 5 dias sem diabetes. Não se preocupou de contar carboidrato. Não se preocupou com hipoglicemias ou hiperglicemias. Não se preocupou de tentar fazer o que o seu pâncreas deveria fazer por ela. Ela se sentiu livre, sem o estresse emocional que o diabetes traz. Clique aqui para ler o depoimento completo da Anna Floreen sobre os 5 dias com o pâncreas biônico (em inglês).

  Concluindo, eu não sei se algum dia eu verei uma verdadeira cura para o diabetes, sem precisar usar bomba, sensor, ou seja o que for (até rimou... rsrsrs...). O que eu sei é que eu realmente não me importo nenhum pouco de algum dia usar uma bomba e um sensor que faça literalmente tudo pelo meu controle glicêmico. Sinceramente, eu usaria 2 bombas mais um sensor numa boa (caso não consigam juntar a bomba de insulina com a bomba do glucagon, o que eu acho bastante improvável). Isso para mim já é uma cura. De tudo que eu vejo na internet, essa parece ser a solução mais próxima da cura em um futuro próximo, que realmente está indo para a frente, com pessoas sendo testadas, com a aprovação do FDA para essas pessoas fazerem o estudo clínico. Quando isso vai ser comercializado, ainda não sabemos (apesar da previsão ser 2017). Quando isso vai chegar ao Brasil e passar por todo o processo de aprovação pela Anvisa, também não sabemos. O que eu sei é que está próximo de chegar e eu estou próxima da minha cura. Essa é a minha esperança!!!  E você, ficou animado também?? Conhece outros estudos que também são bastante promissores? Compartilhe!!!

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segunda-feira, 1 de julho de 2013

As complicadas complicações

7 comments
   No final do ano passado minha endocrinologista me diagnosticou com um princípio de neuropatia na minha perna direita, perto do meu calcanhar. Fui "premiada" com mais uma complicação decorrente do diabetes. Isso foi muito, mas muito difícil de aceitar. Assim como foi muito difícil de aceitar a hipertensão em 2008 e a retinopatia não proliferativa em 2009 (tratada com laser e até o momento estabilizada). Além da bomba de infusão de insulina, os dextros, as contagens de carboidrato, etc... eu tomo 1 remédio em jejum para a neuropatia e mais 2 para controlar a hipertensão. Por enquanto, tudo está sob controle. Bom, na verdade quase tudo. O que está difícil no momento é conseguir processar e aceitar tudo isso.
   Eu tenho passado por um momento de descontroles glicêmicos sem explicação. Tenho feito ginástica, tenho cortado os carboidratos na tentativa de facilitar o controle, tenho contado os carboidratos mais fielmente do que nunca, mas mesmo assim o controle está péssimo. Resolvi semana passada mandar um e-mail para a minha médica com os dextros das 2 últimas semanas. Ela mudou totalmente o meu esquema de insulina basal. Mesmo assim, não estou percebendo grandes melhoras. 
   Percebi que estou travando uma luta dentro de mim.  A tentação de jogar tudo para o alto não é pequena. Estou simplesmente cansada. Cansada dos descontroles, cansada de gastar o fosfato do meu cérebro tentando achar a resposta para o que está errado comigo, cansada de me perguntar "qual será a próxima complicação?". Estou cansada também de me sentir culpada. 
   Acho que a culpa anda de mãos dadas com os diabéticos que tem complicações, ou será que sou só eu? Eu sempre acreditei que se um diabético tipo 1 tivesse algum tipo de complicação, a culpa era dessa pessoa.  Com certeza ela não tomou insulina direito. Com certeza comeu um monte de doce. Com certeza nunca foi ao médico. Com certeza foi irresponsável e nunca pensou no seu futuro. 
   O que dizer então do tempo que eu gasto pensando em diabetes? O esforço que eu faço para ter uma alimentação saudável? A ginástica que eu procuro fazer a todo custo? O tempo que eu gasto para anotar os dextros? O esforço de correr atrás dos meus direitos para ganhar o meu tratamento do governo? Eu não me importo comigo mesma? Eu sou irresponsável?
   A resposta que eu tenho é que infelizmente apesar de todo o meu esforço, eu tenho essas complicações. A culpa de tudo isso? A resposta é uma só: DIABETES. Eu faço o meu melhor. Eu me dedico. Eu me importo. Eu achei que eu não fosse passar por isso, mas enfim, aqui eu estou. Existem diabéticos tipo 1 há 30, 40, 50 anos sem complicações. Bom, esse não é o meu caso e a culpa não é minha. A gente pode escolher ignorar ou acreditar que as complicações são somente para os descuidados, porém, elas podem vir
para os cuidadosos também. A culpa não é nossa.
   Eu espero não ser mal interpretada. A melhor forma de protegermos o nosso futuro é se nos cuidarmos, e muito, hoje. Apesar de estar passando por esse momento, eu tenho certeza no profundo do meu ser que o melhor que eu posso fazer por mim mesma é me cuidar. Me cuidar cada dia mais, cada vez melhor. Onde será que eu estaria hoje se eu não me cuidasse? Eu só peço para você, que como eu, tenha alguma complicação do diabetes para não se culpar. Não vamos nos perder na auto piedade, na auto comiseração. Vamos focar a nossa energia na nossa incansável busca pela saúde!!!!
   Escrever sobre isso está me fazendo um bem tão grande que já estou me sentindo mais leve! Quero deixar  um convite para você: você se sente culpado? se sente cansado? Compartilhe aqui também! Eu te entendo!! Muitos que estão passando por isso te entendem também!! Juntos podemos nos ajudar!!
 
 
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