Tudo começou aos 7 anos de idade com um macacão que eu não conseguia desabotoar sozinha.
Foi aí que a minha mãe percebeu o quanto que eu ia ao banheiro, já que eu pedi para ela desabotoar o meu macacão umas 15 milhões de vezes naquele dia (é claro que eu estou exagerando um pouquinho, mas só um pouquinho!). Ela achou que eu estivesse com uma infecção urinária e me levou ao pronto socorro no outro dia. Fui examinada por vários médicos e fiz um exame de sangue. Enquanto a gente aguardava pelo resultado do exame minha mãe me deu um Lolo e um Yakult!!!!!!
Eu me lembro da expressão no rosto dos médicos quando nos chamaram de volta ao consultório com o resultado do exame na mão. Me lembro também do olhar confuso da minha mãe e depois a minha mãe ligando para o meu pai chorando, dizendo que eu tinha que ficar internada no hospital. Eu me lembro da insulina, porque a primeira insulina a gente nunca esquece... e finalmente, eu me lembro de como eu comecei a me sentir melhor depois daquela injeção. Nem preciso dizer que a minha vida nunca mais seria a mesma.
Fiquei 2 semanas internada no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo. Lá os meus pais foram orientados pela endocrino pediátrica, nutricionista e, se não me engano, pela psicóloga também. Hoje eu vejo que o apoio desta equipe multidisciplinar foi fundamental para eles, porque meus pais nunca tinham ouvido falar em criança diabética e não faziam a menor idéia de como cuidar de uma. Vou aproveitar e já deixar registrado que a educação em diabetes para o diabético e sua família é tudo para o sucesso no controle glicêmico.
Há 23 anos não existia no Brasil Coca Light, bolacha diet, leite condensado diet, ovo de páscoa diet, balinha diet, Trident, etc... o que eu tinha era basicamente o adoçante. Essa parte foi difícil. Porém, minha mãe fazia milagres com o adoçante para eu não ficar passando vontade. Apesar de tudo isso, eu não me lembro de ter ficado revoltada na época do meu diagnóstico. Eu deixei a parte da revolta para a adolescência...rsrsrs... mas essa história eu conto na parte 2.
Todo o esforço dos meus pais define hoje como eu convivo com o diabetes. Eles me ensinaram o que me faria bem, o que me faria mal e as consequências das minhas escolhas. Eles fizeram tudo que estava no alcance deles para que eu fosse uma criança saudável. Não tenho como agradecer-lhes por isso.
Caramba!!!! Escrever isso me trouxe tantas memórias e emoções!!!!! Pelo que estou vendo, esse blog vai ser uma terapia para mim!!! Espero que eu consiga promover um cantinho para que nós diabéticos possamos abrir o nosso coração com nossas tristezas e alegrias também!
Nossa, Te! Lindo esse post!
ResponderExcluirLembrei de quando meus pais explicaram para mim e para a Flávia que você tinha diabetes, o que era, o que você poderia ou não comer, como deveríamos agir... Lembrei de sua generosidade na Páscoa quando ganhávamos a cesta "padrão" e todos queriam um pedacinho da sua por ser diferente (e você dava seu chocolate para gente provar). Lembrei de quando você levou coca diet pela primeira vez para Barão e novamente todo mundo bebeu um golinho...
Boas lembranças!