Ano que vem eu completo 30 anos de diabetes. São incontáveis agulhadas de injeção e de dextro, inúmeras hipoglicemias, inúmeras hiperglicemias, 1 internação por hipoglicemia severa, 1 gravidez bem sucedida de alto risco e a lista vai embora.
Diabetes faz parte do meu dia a dia assim como escovar os meus dentes, tomar banho, dirigir. São coisas que fazemos no modo automático, não precisamos pensar para fazer essas coisas. Está tudo automatizado. Foi nessa onda de estar tudo automatizado que eu co
mecei a automatizar o meu controle de uma forma muito, muito perigosa. Glicemia em 200? Tomo insulina e pronto. Glicemia em 40? Como carboidrato de rápida absorção e pronto. Eu tenho há algum tempo passado por um turbilhão de coisas na minha vida e deixei meu controle glicêmico no modo automático. Tinha muita coisa na cabeça para gastar tempo com isso. Vocês já devem imaginar para onde esta história está indo.
Semana passada tinha consulta com a minha endócrino. A segunda do ano. Eu finalmente consegui baixar os dados do meu glicosímetro para o meu computador. Quando eu vi os gráficos, eu quase caí da cadeira. Eu estava com números para todos os lados. Muitos deles fora da meta. Muitos mesmo. Sabe como eu não tinha percebido isso? Resposta: modo automático. Passei muito tempo sem ver de forma crítica os meus dextros. Só ia corrigindo conforme a necessidade achando que estava tudo bem. O mais bizarro de tudo isso é que eu não entendia o motivo de não ter uma hemoglobina glicada melhor.
Na consulta, a minha endócrino quase caiu da cadeira também quando viu os dados do meu glicosímetro. Ela me perguntou se eu tinha percebido o tanto de hipoglicemia que eu venho tendo. Eu olhei espantada para ela e respondi sinceramente que não. Foi aí que ela me disse que eu tinha me acostumado com o meu descontrole, que estava no modo automático. Ela está certíssima. Mudamos valores e horários de insulina basal e bolus. Essa mudança ainda não ficou bacana. Só que dessa vez eu não estou no modo automático. Vou entrar em contato com ela amanhã para ajustar de novo as doses de insulina da bomba de infusão.
Eu já falei aqui no blog, diabetes não para para vivermos problemas, sejam eles de desemprego, de doença na família, crise no casamento. Ele não para para termos um parto tranquilo, uma cerimônia de casamento sem hipoglicemia ou para prestarmos vestibular sem interrupções desagradáveis que ele possa nos dar. Por isso, o melhor é sempre estarmos atentos, sempre nos cuidarmos, sempre darmos o nosso melhor. A vida é boa demais para deixarmos o diabetes atrapalhar os nossos sonhos, nossos objetivos.
E você, como está? Como anda o seu controle glicêmico?